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No 26º Salão Anapolino de Arte, Rafael de Almeida apresenta “Aboio” e “Saída da boiada”, trabalho que pretende discutir questões como a indissociabilidade entre o sagrado e o profano, o coronelismo, a atualização da política do pão e circo junto a comunidades carentes e a violência simbólica alienante imposta às camadas mais pobres da população do interior do Brasil diante da falta de acesso aos meios de produção. Instigado pelo encontro com um registro em vídeo de 1988, do Rancho das Cavalhadas de Pirenópolis, o artista parte em uma jornada à procura das camadas de sentido camufladas nas imagens dessa festa profana e popular que ocorre às margens da Festa do Divino Espírito Santo e das Cavalhadas de Pirenópolis.

Texto do curador Paulo Henrique Silva para o catálogo do 26º Salão Anapolino de Arte - Goiás. 2022.

O trabalho de Rafael de Almeida conduz nosso olhar ao interior goiano, à cultura sertaneja enraizada nas heranças rurais, na economia fundada na pecuária e na agricultura, nas festas populares presentes na memória e na vida do povo goiano. As imagens do vídeo são refilmadas; captadas de uma tela elas adquirem aparência filtrada, com um brilho discreto de interessante efeito visual, que faz o passado ser atualizado pela transferência de uma mídia a outra, pela textura pixelizada do presente. Não há narrativa e sim rápida colagem de imagens que amarra fragmentos de dois filmes: uma peça publicitária que destaca o vigoroso touro no corredor de entrada da arena de rodeio, seguido do peão forte e viril a domá-lo; um registro amador, filmado no antigo sistema VHS, do baile realizado no Rancho das Cavalhadas, em Pirenópolis, durante a Festa do Divino de 1988. Ambas as imagens tratam de um Goiás profundo, que celebra ao mesmo tempo o sagrado e o profano enquanto o velho coronelismo permanece como modelo inalterável.


Texto do curador Divino Sobral para o catálogo do 3º Salão de Arte em Pequenos Formatos do Museu de Arte de Britânia - Goiás. 2022. 

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